Todos os cristãos desejamos falar com Deus: fazer oração. Umas vezes utilizamos belas orações já existentes, como as do Terço e as orações e cânticos da Missa: essa é a chamada “oração vocal”.
Outras vezes, falamos com Deus em silêncio, só com os nossos pensamentos e os sentimentos do nosso coração: é a “oração mental”. Hoje, vamos começar a refletir um pouco sobre ela.
Penso que todos nós gostaríamos de ter com frequência um diálogo espontâneo com Deus, em que falássemos com Ele sobre a nossa vida, os nossos trabalhos, os nossos anseios, problemas, dúvidas, indecisões… Mas nem sempre conseguimos. Pode até ser que tenhamos desistido de tentar porque achamos que “para mim, não dá”.
Hoje gostaria de lhe dizer que vale a pena fazer um esforço. Porque a oração mental, quando aprendemos a fazê-la (demora um pouco), é uma fonte maravilhosa de paz, de luz, de horizontes, de alegrias. Tente! Para ajudá-lo, vou começar sugerindo-lhe algumas idéias básicas:
1º) Primeiro, precisamos de uma hora e lugar certos. Jesus diz: «entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo» (Mt 6,6). Pode ser o seu quarto, uma igreja ou uma capela sossegada, ou um jardim… ; o importante é que possa estar só e tranquilo para se concentrar (não a faça deitado na cama, porque vai dormir). E a duração, para começar, pode ser de dez minutos diários (depois poderá aumentá-la).
2º) Antes de falar nada, comece pensando no seu interlocutor, em Deus. Faça um ato de fé na presença dEle. Por exemplo: “Creio firmemente que estás aqui, que me vês, que me ouves”, “Senhor, que eu te veja com a fé!”
3º) Inicie o diálogo com a maior simplicidade. Diga-lhe mentalmente, por exemplo: “Senhor, me ajude a falar consigo”, ou “Jesus, não sei o que dizer”, ou “Meu Deus, me desculpe, mas hoje vou começar pedindo uma coisa interesseira”. Se não lhe ocorre nada, faça então como aquele rapaz, distribuidor de leite em domicílio, que abria a porta da igreja e só dizia: “Jesus, aqui está João o leiteiro”.
4º) Procure puxar mentalmente um assunto: por exemplo, “Por que me irrito sempre com X?” Peça luz a Deus, e tente ser sincero consigo: “Será que eu não sou orgulhoso demais, e não sei compreender e desculpar essa pessoa?”.
5º) Leve sempre um livro espiritual (veja o item “Meditação”, neste site). Quando se sentir “seco”, sem saber o que dizer, abra-o e leia um trechinho (melhor, se escolhe antes um capítulo que o atraia). Essa leitura simples poderá ser a “pista de decolagem” da oração mental. Uns vão precisar de mais pista – de ler um trecho mais longo –, outros de menos. O importante é que, quando a leitura nos “atinja”, paremos, fiquemos refletindo sobre aquilo, vejamos se nos sugere coisas práticas; e, então, peçamos a Deus forças para melhorar, ao mesmo tempo que lhe agradecemos as inspirações que Ele nos deu.
Por exemplo, vamos abrir o livro “Caminho” e ler o pensamento n. 814: «Um pequeno ato, feito por Amor, quanto não vale!». Pense, então: “Quantos atos pequenos – como um sorriso, um detalhe de ordem material, uma pequena ajuda – eu fiz hoje com amor? Não poderia começar pensando em um, por exemplo, em dizer “bom dia” lá em casa ou na escola, ou no escritório, de modo mais cordial?”. Só com isso já fez uma ótima oração mental.
Outro dia falaremos, se Deus quiser, de outro tipo de oração: a meditação.